sobre o projeto

Iniciei este trabalho desenhando a fotografia de minha avó, seus pais e irmãos, como eu me lembrava dela, pois não tenho acesso ao registro original, físico ou digital. Não sou tão próxima dos meus avós, pois vivo desde muito jovem em Salvador, e eles, no interior de São Paulo. Ainda assim, lembro do meu carinho e curiosidade ao sentar ao lado de minha avó para vermos as antigas fotos de família dela, quando eu era adolescente.

A fotografia original do meu amuleto-memória retrata a família de minha avó no campo. Eles eram simples, mas tinham seu terreno e não passavam fome. Até hoje, minha avó cultiva sua horta, pequena, mas com diversas espécies nativas ou introduzidas à América do Sul. Esse fato acaba se tornando uma das minhas

âncoras neste projeto: as plantas como espaço de território, como forma de reconhecimento, de se localizar no mundo.

A partir de uma aproximação pessoal e afetiva, como fez Dionne Brand em seu livro Um mapa para a Porta do Não-Retorno, e me utilizando da acumulação textual como metodologia negra, como descreve Katherine McKittrick no artigo Dear April, parto do campo do experimental para formar brechas, obstáculos e leituras estéticas e poéticas dos elementos que compõem essa mesa de trabalho virtual, tal qual compuseram a mesa de trabalho real ao final da disciplina.

Este processo artístico é produto da disciplina Narrativas Cartográficas (2024.1), ministrada pela professora Gabriela Leandro Pereira [Gaia], para o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (PPGAU-UFBA).